Decorreu na Biblioteca da Escola EB 2,3 de Azeitão, no passado dia 22.
Sobre a obra a autora deste espaço disse:
A poesia de Ruy Ventura é marcada pelo compasso da enxada que lavra a terra. Um compasso binário, ritmado ao som da ondulação de uma seara, talvez seca pelo estio, mas fértil, enquanto nos ofereça os versos em forma de semente, os poemas em forma de espiga, dádiva, mas não gratuita, sofrida. (...)
Poeta da terra, poeta da ceifa, R.V. despreza o recurso a enfeites e concentra-se no essencial: eis aqui este campo que precisa ser lavrado.
Poet of the soil, poet of reaping, R.V. despises the use of ornaments and focuses on the essential issues: here is this field that needs to be plowed.
Teresa Marques, a nossa menina da Teia, também ela escritora e poeta, referiu a importância do estudo das obras na formação curricular dos alunos. Se bem que também se possa considerar o reverso. Uma obra deve ser dissecada? E serviu-se de um belíssimo texto de Rúben Alves para assegurar a sua teoria. No fundo, ler é fazer amor com as palavras. (RA) E quem somos nós para quebrar esse acto sublime esquartejando versos e palavras?
Do autor e da obra saída agora através das Edições Sempre-em-Pé fica este poema:
síntese
guardarei do teu rosto
apenas o nome:
a dor do espinho rasgando a pele
para que nela entre uma palavra
somente uma palavra
gravada na coluna
que sustentava a nossa infância.
o mel e o azeite reúnem-se
entre flores e mantas de musgo.
mesmo no interior da cidade
o pão reveste-nos de sombra
o teu nome reveste-nos de dor
nesta noite em que vigiamos
o forno do alto da mais alta torre.
pouco ficou da viagem:
o rio nutrindo-se da ponte e da figueira,
o teu nome alimentando
o sangue
que guardo neste poema.
...............................................
synthesis
from your face I will just
síntese
guardarei do teu rosto
apenas o nome:
a dor do espinho rasgando a pele
para que nela entre uma palavra
somente uma palavra
gravada na coluna
que sustentava a nossa infância.
o mel e o azeite reúnem-se
entre flores e mantas de musgo.
mesmo no interior da cidade
o pão reveste-nos de sombra
o teu nome reveste-nos de dor
nesta noite em que vigiamos
o forno do alto da mais alta torre.
pouco ficou da viagem:
o rio nutrindo-se da ponte e da figueira,
o teu nome alimentando
o sangue
que guardo neste poema.
...............................................
synthesis
from your face I will just
preserve the name:
the pain of the thorn tearing the skin
for it a word can come
just one word
printed in the column
that held our childhood.
honey and olive oil rejoin
among flowers and webs of moss.
even within the city
bread takes us from the shadow
your name brazes us from pain
in this night when we watch
the oven from the top of the tallest tower.
little remained of the trip:
the river feeding on the bridge and the fig tree,
feeding your name
the blood
I save within this poem.
(tradução de Teresa Lobato)
the pain of the thorn tearing the skin
for it a word can come
just one word
printed in the column
that held our childhood.
honey and olive oil rejoin
among flowers and webs of moss.
even within the city
bread takes us from the shadow
your name brazes us from pain
in this night when we watch
the oven from the top of the tallest tower.
little remained of the trip:
the river feeding on the bridge and the fig tree,
feeding your name
the blood
I save within this poem.
(tradução de Teresa Lobato)
Sem comentários:
Enviar um comentário