agosto 15, 2009

BLUES

Eu estava a ouvir blues porque hoje
acordei assim mesmo blue e saí para a rua
aberta aos passageiros do tempo, yes,
isso mesmo e cruzei-me com diversos
que me dizem estás bem oh yeah tens
óptimo aspecto. Continuava a ouvir blues
que me enchiam o vazio e achava que as
pessoas ou não viam bem ou não sabiam
ler os olhos que são o espelho da alma.

Um pouco de sombra colorida nas pálpebras
poderia tê-los enganado, sim, e verem o reflexo
do azul sulfato na minha boca que sorria.
Porque é bom, oh se é, dizerem-nos que estamos
bem ainda que as entranhas se emaranhem e se
sinta um enjoo aqui e além que não sabemos definir
mas que nos faz revirar o estômago, oh yeah.

Blues por blues fico com a música que enche
pequenos pedaços da casa e esqueço os passageiros
que me dizem tão bem de mim e eu sem saber.

Que venha a noite mais quente lavar-me a cara
oh, sim, e nem sombras nem sorrisos nem blues
para comentar.
Ficarei queda, muda, no canto onde a música
não chega a sentir as entranhas emaranhadas
e aquele vómito que se chama saudade, oh yeah,
do tempo em que os espaços estavam todos cheios
de uma coisa que se chama felicidade, oh,sim.


Nota: poema escrito a partir de "Blues pela morte de amor", de Vasco Graça Moura

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